Você gritou da sala, no meio de uma briga em plena segunda-feira à noite.

– Você é muito insolente!

Pior que sou mesmo, preciso assumir. Mas não venha me dizer que minha mania de te provocar em horário comercial e apelar pra saudade de nós dois é culpa minha, é você quem provoca isso em mim. É você que causa uma erupção de sensações e hormônios, que me fazem gastar minutos amadurecendo sobre as coisas que eu adoraria dizer e fazer.

Eu sou mesmo insolente, mas a culpa é sua. É culpa sua se sou mau-criada, é sua se eu estou querendo mais. Quando as coisas são bem executadas a gente segue querendo aproveitar sempre, segue querendo desvendar, segue querendo experimentar. Pode gritar que eu sou insolente e atrevida, que eu não deveria fazer assim ou agir de jeito tal; eu não ligo. Eu gosto mesmo de te perturbar.

Você sabe que eu não vou parar. Você sabe que não quer que eu pare. E a culpa é sua por provocar isso em mim.

É sua culpa despertar essa vontade transgressora, esse tesão louco e ideias absurdas. A culpa é sua se só suas mãos firmes me acalmam, só essa língua que me faz gritar e esses beijam me roubam o ar. A culpa é toda sua se eu quero rolar na cama, se eu gosto de mudar de lugar e insisto em protocolos arriscados. A culpa é toda sua. Minha, eu só assumo ser a bagunça na sala quando insisti em ver se a mesa de centro aguentava. Aguentaria meu peso, admito, mas não sua força. Sei que insolente e bagunceira, mas a culpa é sua.