E quem diria? Olha só nós dois, aqui outra vez. Quem diria que estaríamos aqui dividindo o tempo, comentando bobagens e relembrando caminhos antigos nossos. Não era o que eu esperava para esse mês quando ele se anunciou todo imponente e carmático. Eu bem pensei que terminaria o mês refletindo com meus botões e amadurecendo ideias sozinha, mas você apareceu. Insistiu em sair, em conversar, e lá estávamos nós outra vez, rindo das mesmas coisas. Quem diria.
Não foi como relembrar o passado ou olhar para trás. Eu estou tão diferente da menina que eu era anos atrás, que tudo foi novo outra vez. Das risadas, às brincadeiras e o esclarecimento sobre dúvidas antigas. Do velho roteiro, só a cachaça ficou. A saudade se fez presente, como eu previa, mas o enredo foi bem diferente. Te reencontrar e ter esse momento só fomentou a certeza que eu tinha de que nossos dias tinham sido mesmo bons e que você era ótimo. E que definitivamente eu sou terrível na sinuca, Deus me ajude. Nós costumávamos sempre sair para beber e jogar conversa fora, e repetir a dose, com a certeza de que tudo estava no lugar me deu uma paz imensa. Te ver bem era como uma vitória pessoal, como aquela certeza gostosa no fim de tarde. Depois de tudo, você continuava o mesmo. Depois de tudo, eu ainda insistia em mudar.
Falamos sobre diversos assuntos. A noite ficou pequena, o tempo foi pouco. E como eu esperava, nós dois viramos pauta de discussões e confissões foram feitas. Acredito que estávamos bêbados demais para entender a importância daquele momento, mas bom, não fez diferença no final. A sinceridade sempre aconteceu de uma forma muito natural, o que nunca tinha sido problema, e garanto querido, nunca será. Quando eu entrei em casa no final da noite, sorri comigo mesma com a certeza de que tinha feito a escolha certa quando rompi com tudo. Alguns relacionamentos precisam acabar para que a relação não acabe. Para que o sentimento não se parta. E quem diria, lá estávamos nós, tão fortes como nunca. Inteiros. Valeu a pena.