Amor, quando é amor, termina em barraco. Se termina em silêncio, já não era mais nada. Não adianta vir para cima de mim com essas falácias de que quem se garante não fala alto, porque fala sim. Não quero saber, não adianta negar e nem tentar se explicar. Se você vê alguém que você julgava amar ir embora e nem se dá ao trabalho de se estressar, então desculpa, já não era mais nada. E muito menos amor.
Então se é amor, querido, é melhor gritar. É melhor soltar o verbo, é melhor desenrolar os problemas – mesmo que para isso você tenha que desopilar os rins. E eu não falo de briga ou de confusão, eu falo de indignação. Eu falo de explanar em alto e bom tom “Mas que porra é essa?!”. Não é para aceitar o que o outro decide sem falar o que você quer e pensa. Se a pessoa decidiu partir, tudo bem, ela partirá de qualquer forma – mas não perca a chance de pedir para ela ficar ou reafirmar que ela vá para o inferno. Acenda o pavio, vire a mesa e inicie o barraco. Não deixe a pessoa partir sem saber que tem motivo para ficar. Não deixe seu sentimento se esvair sem estremecer com ele. Depois de alguns anos e danos, aprendi que a gente não tem nada a perder a não ser a paz de espírito. E se você acha que vai deixá-la partir se acabar se abrindo com alguém, é porque não a viu sumir ao deitar na cama depois de perder a oportunidade de dizer a verdade e se declarar. O medo daquilo que poderia ter sido assombra mais que a certeza de que não foi. Não dá brecha para essa agitação, querido – se é amor, é melhor gritar.
Não tente sofrer por antecipação, não tente calcular danos e segurar a língua quando ela lhe arder na garganta. Grita, esperneia, explana e explica, se precisar. Repita e insista, só não implore. Só não se humilhe ou se diminua. Entenda que para as decisões serem tomadas você precisa esclarecer os fatos, colocando-os a luz da verdade. Se tiver que romper, rompa. Se tiver que continuar, continue. Se a outra pessoa escolher o mesmo caminho que você, para o bem ou para o mal, tudo será resolvido. Agora, se a pessoa escolher partir ou ficar, mas escolher o silêncio e a indiferença; grite, querido. Não aceite menos do que o amor gritado aos sete ventos, porque quando não há mais agitação, não existe mais nada; nem amor, nem raiva e muito menos paz.