Já começo esta carta me desculpando por todas as vezes que eu deveria ter estado lá e não estive. Te peço perdão pelas vezes que prometi que apareceria e não fui, ou então pelas tempestades em que eu não te ofereci abrigo como sei que eu teria que ter oferecido. Te peço perdão, amor, pelas coisas que sei que não fiz e mais ainda pelas que fiz errado. Pelas as coisas que fiz de má vontade ou com péssimo jeito. Me perdoe por ter feito você pensar por inúmeras vezes que você estava errada ou não era tão incrível quanto você é. Você sempre foi o amor da minha vida, eu só nunca soube amar você.

Não soube amar teus detalhes. Não soube amar tuas manias. Não soube amar suas paranoias. Nem teu sorriso eu amei do modo certo. Nem dos teus sonhos eu compartilhei e busquei ajudar. Sinceramente, acho que parei no tempo do nosso amor e não enxerguei as coisas como deveria. Eu nem se quer sabia que amava quando amava, e quando pensei que odiava, na verdade eu amava ainda mais. Amava você e sua audácia. Você, e sua eminente necessidade de espaço e partida. Apesar do medo de te perder que me assolava diariamente, eu pequei ainda da pior forma: eu deixei você. Te fiz me perder e te culpei por isso. Matei nós dois tentando matar a dor no meu peito – o que só aprofundou a dor e nos quebrou. Eu parti com medo de você partisse primeiro, e hoje espero voltar para um lugar onde você não está mais.

Você nunca mais vai voltar, do mesmo modo que eu nunca mais vou poder buscar seus olhos e segurar suas mãos. Não vou poder beijar seus ombros ou te observar conversar com suas flores no jardim. Então, amor, com toda a sinceridade que me cabe e com todo o amor que restou me amassando o peito, te peço perdão. Eu te peço perdão e clemência, para sanar a saudade e a loucura que é viver sem você por aqui. A casa está vazia, silenciosa e emanando uma tranquilidade que mais parece mau agouro do que uma paz. Você partiu de vez abrindo um buraco no meu peito, com um rastro sangrento dos meus erros que tanto te afastaram. Sei que a culpa foi minha. Sei que fui eu quem estimulou sua partida, e mais ainda sei que não posso te pedir para voltar, mas te peço perdão; por você, por mim e por nós. Nós, que fomos tão grandes na teoria, mas extremamente vazios na prática. Me desculpe nunca ter percebido que te amava.

Carta de Johnathan Hampton Caputo à AnnaBel Cruz Montez, Por Entre Lençóis – Livro Um.