Peguei-me lembrando da manhã de domingo, quando acordei e você estava me olhando.

Diferente das outras vezes em que notei você me observando, nessa parecia concentrado, como se estivesse me estudando. Esmiuçando cada detalhe do meu rosto inchado e cansado. Deduzindo-me. Sorri, como sempre. Você sorriu de volta.

Foi quando aconteceu.

Uma fagulha verde incendiou seus olhos, e você pareceu vibrar internamente mesmo que não tenha se dado conta disso. Durante os dias que passamos juntos, antes dessa manhã de domingo, nós dois – nossa relação – era como um iceberg. Uma pequena ponta se mostrava, mas o restante ficava guardado por entre os sussurros durante o sexo, ou o modo como andávamos de mãos dadas dentro do elevador. Tudo parecia tão pouco, mas depois daquela fagulha em seu olho, tudo mudou. Você pareceu se derreter, e com isso, me derreteu junto.

Não houve resistência. Não houve hesitação. Nem me lembro mais da sensação de medo que me invadia nas outras relações quando eu me via caminhando para um futuro desconhecido. Por algum motivo, que eu ainda não sei explicar, a fagulha que eu vi nos seus olhos naquele dia foi como uma resposta para todas as minhas dúvidas. Certeza para as minhas inseguranças e calma para o meu coração.

Seus olhos sempre foram lindos por serem seus, mas depois dessa fagulha eu me apaixonei ainda mais por eles. Então pode me olhar a vontade, me ver pelos os seus olhos é bonito demais.