Teu nome era feito agouro. Momento maldito, palavra não anunciada. Você era o contato que piscava entregando um número, mas nunca um nome. Eu poderia até ter inventado algum para disfarçar, mas me contive. Encarar teus números no celular me faziam enxergar a distância que havia entre nós dois, mesmo que nossos corpos insistissem em se encontrar. Você era aquele que não existia, o fantasma, o carma.Aquela pessoa que não ia embora, só que nunca estava ali de fato. Demorei a entender o que possuir um contato sem nome implicava, mas hoje eu aprendi muito bem como lidar.
Nós tivemos inúmeros embates de como suceder e resolver. De como seguir em frente e experimentar. Você nunca foi a promessa de um futuro a dois ou de um romance verdadeiro de verão, mas assumo que me doía ter que assumir que você não passaria de um caso de fim de noite. De um beijo desesperado ou um desejo tão insano que poderia ser sanado em uma foda dentro de um carro. Para ser bem sincera, eu sempre esperei que um de nós despertasse para o óbvio e entendesse que apesar de não sermos seres monogâmicos, somos programados para nos apegar. Somos programados para falhar e buscar incansavelmente detalhes e caminhos em busca de um mínimo lampejo de apego, segurança e verdade. Desde o segundo em que salvei teu número como um contato sem nome eu sabia que iríamos falhar. E amor, nós falhamos.
Nossos encontros desesperados e amorosos só entregam o quanto despreparados estávamos desde o começo, e como caminhar para forca pode ser um caminho florido se está ao lado de alguém que te faz bem. Nós erramos em inúmeros momentos, mas nenhum deles foi decisivo no que deveria ser. Seguímos envolvidos pelos meses que se seguiram depois do fim, e imensamente machucados e doloridos sobre o carma e saudade de romper com quem se quer estar. Você era só um contato sem nome, mas transformou-se no contrário; em um nome sem contato, aquele a quem eu jamais pude recorrer em momentos de agonia e necessidade. Mesmo que minha alma o chamasse. Mesmo que meu coração pedisse. Nosso amor nunca existiu pelo o simples fato de que duas palavras abrandaram o real significado da palavra conhecido; você não tinha nome, já eu, não tive chance.