Nosso amor foi um lírio; morreu tão rápido que me fez questionar se um dia de fato chegamos a nos sentar à mesa do amor. Minha avó sempre dizia enquanto eu brincava com as flores do jardim dela: menina, lírios morrem rápido. Pare de arrancar essas flores, deixe-as aí. Pegue as outras, pegue as rosas ou as margaridas. Eu nunca tinha parado para pensar sobre isso, até te conhecer e você encher minha casa com rosas e peônias. O clima era aconchegante e amoroso, mas ficou fúnebre quando você foi embora.
Aquele buquê de peônias brancas ficou na sala de estar por alguns dias, mesmo depois de você ter partido. Parecia alheia ao que acontecia por ali, brilhando e desabrochando suas pétalas delicadas. Eu só conseguia pensar: deviam ser lírios, deviam ser lírios. Lírios morrem mais rápidos. Logo, as lembranças iriam rápido também. Mas eu cometi esse engano, deveria ter ouvido minha avó.
No final das contas, parei de encarar o arranjo, assim como evitei olhar para nós dois. Foi um fim trágico dada à tão belas flores, e apesar de tudo, foram dadas em nome de um sentimento muito bonito. Tão bonito, que acabou. E eu só pensava nos lírios, o que era uma pena depois de tudo. Dá próxima vez querido, eu espero que você traga lírios ou leve lírios – para quem for que você escolher. Eu gosto verdadeiramente de rosas, e, aprendi a apreciar as peônias, mas lírios morrem mais rápido. Nosso amor foi um lírio.