Você me conhece bem o suficiente para saber que eu acredito em toda aquela coisa de misticismo, astrologia, livros de auto-ajuda e danço para a lua sempre que posso. Você sabe bem que se dependesse de mim ensinaríamos inteligência emocional nas escolas e nos preocuparíamos mais com o que comemos, e em tratar a causa e não só o sintomas. Eu sei que você sabe. E você sabe que sabe. Eu simplesmente sou assim.

Você sabe muito bem que eu sou violenta como um vendaval, mas amorosa como a primavera. Sabe que apesar da casca dura e de adorar levantar a voz em um debate, eu gosto de colo e amo seus braços como se eles fossem a minha casa. Aliás, eu acredito mesmo que eles são a minha casa. Eu sei que você sabe disso tudo. Sabe que eu bebo chá, cortei o açúcar, me entupo de pastel mesmo não querendo morder um doce de amendoim. E ainda assim, apesar da meditação e da ioga, eu quero tudo para ontem. Sabe que sou imediatista, lúdica, intensa e brava. Você sabe disso. E eu também sei disso. Sempre soube, e ao longo da minha vida aprendi a lidar com isso. Apenas com isso. Imagina a surpresa quando me bati com você nessa existência, e você é completamente o meu oposto. O meu oposto complementar, devo ressaltar.

E para a minha surpresa, muito diferente de mim, você é a paz. A paz em pessoa, completamente. Você não acelera, você não pula fases, você sabe esperar. Você se entrega, você se apega, você reflete muito. E age muito. Você age mais do que eu, mas reflete antes disso. Eu fico na ideia, enquanto você sempre sai do lugar. E você não perde a cabeça. Nunca. Mesmo ficando difícil e se irritando, você mantém a constância. Até na dor, você prefere o silêncio. Já eu não perco a chance de externar. E foi percebendo esses detalhes, e foi aprendendo a respeitar essa nossa história que eu vi que apesar de diferentes demais, a gente se completa. E não falo só pelo o amor que temos um para o outro, e sim pela forma como ensinamos um ao outro. Mesmo sem percebermos isso.

Toda vez que você entorna, eu estou lá para segurar a sua onda. Toda vez que eu passo do limite, você está lá para me auxiliar a não surtar. Sempre um pelo o outro. Sempre nós por nós. E a gente escuta mesmo por aí que os opostos se atraem, que é na diferença que a gente aprende e amadurece, e embora eu acreditasse nisso... hoje eu vivo isso. Eu vivo a diferença e agradeço por isso. Agradeço por seus braços serem a minha casa. Fico feliz por você ter feito sua morada por aqui. Eu te amo mais por conta disso. Até mesmo no caos. Até mesmo na crise. Não importa o momento, a gente sempre reflete um ao outro. E isso não tem preço.