Desde aquela nossa última conversa em que ficou decidido o que não seríamos mais, eu saí do carro batendo a porta com a sensação de que eu precisava daquilo. Precisava ir embora, encontrar um caminho – seja ele qual fosse. Nossa despedida não foi nem de longe tão calorosa como nossos encontros. Não houve um abraço demorado, um beijo quente ou a suas mãos grandes segurando as minhas. Não havia certeza nenhuma ali, só a incerteza em se continuaríamos juntos. Bati a porta do carro com a certeza de que estava fazendo a coisa certa e, amor, ainda acredito que fiz. No entanto, para minha surpresa – ou não – eu me peguei tão diferente da menina que eu era quando bati a porta naquele dia. Mais diferente ainda da menina que te conheceu e daquela que aos berros, terminou contigo pelo o celular.

Amor, tudo mudou tanto. Até mesmo as certezas que eu tanto me agarrava para me lembrar dos motivos que eu tinha para não ir atrás de você. Dos motivos que eu tinha pra não te ligar e te pedir pra voltar. Errei tanto comigo mesma e com você, que no final das contas, paguei sozinha um valor alto demais pelo o que vivemos. A tua saudade me maltratava de uma forma lenta e dolorosa. Tornou-se impossível, durante algumas semanas, frequentar as ruas que costumávamos passar. Ouvir aquelas músicas, comer pizza de madrugada e até mesmo entrar no Skype e me ver tão tentada a dar um oi. Entretanto – mais uma vez – do mesmo modo que a tempestade surgiu, o sol voltou a raiar e eu comecei a ver que de muitos erros eu me arrependia e que deles, eu não erraria mais. Outros erros amor, te prometo, cometerei. Mas aqueles não. E de todas as coisas que fiz, ir embora foi a melhor delas. A pior e a melhor. A pior, porque me afastou de você. Te levou pra longe, me trouxe pra longe e nós terminamos dois estranhos em uma história que poderia ter sido linda. E a melhor, porque eu vi a minha evolução latente, e a sua também. E eu vi erros que eram gigantescos, problemas que eram tão complicados se resultando em nada e vi que a cada passo que essa distância colocava entre nós, a gente se virava como podia. A gente crescia, aprendia e mudava. Foi bonito ver você mudar. Foi difícil me ver mudar. Mas no final das contas, dos dias, dos meses e dos problemas, teu sorriso era o que eu mais desejava ver. Mas perdi esse direito. Querido, eu perdi essa chance. Como tantas outras eu perdi. Como tantas outras eu lamentei. E isso é triste.

Mas é como eu disse, depois da tempestade o sol sempre volta a raiar e eu comecei a ver que, talvez, nossa história era para ter sido assim mesmo. Que essa pausa não foi um fim. Talvez tenha sido um recomeço, uma mudança de parágrafo ou um capítulo novo. Talvez eu precisasse mesmo desse tempo do mundo. Talvez você precisasse disso para resolver aquelas contas pendentes. Nós dois estávamos no vermelho um com outro e isso tinha que ser mudado. Do que eu sei agora, é que somos completamente diferentes de quem éramos quando nos encontramos pela primeira vez e mais ainda mais diferentes daquelas pessoas que se despediram de maneira tão fria no nosso último encontro. Quando a porta bateu naquele dia, tudo mudou. Mas acredite amor, hoje eu vejo que para melhor. Você ainda é meu sonho bom, e agora, mais do que nunca, eu sei que há uma chance. De recomeçar. De começar. Ou simplesmente, continuar.