Hoje eu acordei com uma sensação de leveza no ser que me fez recordar o nosso tempo bom. Não que eu não me lembre de você durante os dias que se passam, mas hoje foi diferente. Eu já vinha há algum tempo tentando esquecer o que o teu sorriso faz comigo, e o modo como a tua saudade me machuca, mas, mais ainda, eu vinha tentando matar em mim cada pedacinho seu que ainda insistia em dar um último suspiro de vida. Eu precisava me ver livre desse sentimento por você, para enfim sentir-me livre. Queria desfrutar outros milhões de sentimentos por outras pessoas que passam e passarão pela minha vida.

Você me entende? É meio complicado, mas vou tentar explicar. Hoje, pela primeira vez em meses, a tua lembrança me invadiu e não doeu. Eu não suspirei de saudade, não fiz pausa dramática e nem me senti mal por estar pensando em alguém que não pensa em mim. Hoje, eu achei engraçado a mania que você tem de arregalar os olhos quando eu falo alguma besteira e o modo esquisito como você anda. Hoje, eu senti uma leveza diferente no ser, como se algo tivesse partido; como aquele móvel grande e pesado que ocupa metade da sala, mas de repente desaparece. Alguém colocou você pra fora da minha casa, e, ao pensar em quem poderia ter sido, dei-me conta de que foi você mesmo. Do mesmo modo que tu entrou, conquistando-me aos poucos, tu mesmo se retirou com sua grosseria e ingratidão. Grata fiquei eu, no final das contas. A casa ficou maior, mais arejada e leve, amor.

Como a gente costumava ser.