Amor, hoje a saudade bateu forte. Bateu saudade do seu beijo, do seu cheiro e até do timbre da sua voz. Eu me arrastei pela casa enquanto procurava o que fazer, mas nada e nem ninguém me tirava da cabeça o barulho baixinho e persistente que sua lembrança insistia em ecoar. Lembrei de você na sala, lembrei de você na cozinha e lembrei de você na banheira do meu quarto. Lembrei até de como você fazia um café amargo horrível, que mesmo assim adoçava minhas manhãs.

Amor, hoje eu senti saudade até das nossas brigas. Senti raiva do seu chefe que te roubava de mim até tarde da noite, raiva da tua mãe que te alugava aos domingos e raiva da cerveja, que te levava aos sábados. Sinceramente, hoje eu senti saudade de tudo. Senti falta da falta que eu senti ao ficar um dia sem te ver. É… Meu dia foi longo, a peleja também. Agora faz quase quatorze horas desde que abri os olhos e você inundou minha mente. Queria saber o que fazer com essa saudade, mas como não sei, escrevo. Escrevo como te escrevia no começo, como te escrevi durante anos e como ainda continuei fazendo depois que você partiu.

A saudade de você nem sempre aparece, mas quando dá bom dia, fica até não querer mais. Fica pra relembrar o que restou da nossa poesia. É… hoje eu só sei falar de saudade.