Sem você meus lábios ficam amargos e a minha felicidade superficial tira a máscara de noite, quando eu me deito e lembro que você não está mais do lado esquerdo da cama. Sem você sexo é só sexo, as cortinas passaram a ser usadas mais ainda para evitar a entrada dos raios de sol que tentam acalentar a casa, rastejando pelas janelas, forçando uma paz que não há. Só há solidão e silêncio. Uma aura fúnebre e vazia, quase desesperadora.

O tempo, que sempre parecia curto ao seu lado, agora parece se arrastar pelas semanas e meses. Minha respiração segue pesada e abafada, e eu me dei conta de que casa é maior do que eu preciso sendo só uma pessoa, e o barulho irritante do telefone nunca me incomodou tanto como agora. As aulas de salsa, às quintas-feiras, se perderam no desânimo de encarar a sua ausência e ter que arrumar justificativas para os demais. Eu até encararia a sua ausência com dignidade ao passar do tempo, mas no momento presente, só me restava a dor e a quietude.

Por fim, separados há meses, nós já somos alheios um ao outro e não nos pertencemos mais. É respeito por trás de ódio, sorrisos por trás de choros e sussurros abafados encobrindo gritos de liberdade. Seus abraços já não são tão apertados quanto antes, muito menos os beijos trocados com outras pessoas são recheados de sentimentos reais. O cordial “bom dia” quer dizer “eu te amo, mas quero te esquecer”. Eu preciso te esquecer.