Deveria ser manchete do jornal que você fez da vida de nós dois. O ser humano pode evoluir, as estações vão passar. Talvez, eu aprenda a beber sem dar vexame. Talvez, você descubra que cheesecake de morango é bom. Mas não vou mudar. Você pode acreditar que ainda podemos salvar o planeta, ou então que a corrupção tem jeito, mas ainda assim eu não vou mudar. Então, por favor, tire isso da pauta de objetivos. Não sou a América, não posso ser conquista e quiçá, descoberta. Aqui, é terra minha. Entra quem é bem-vindo, e entra seguindo o mapa. Não pense que há como ser diferente. Os caminhos são os mesmos, as armadilhas também, e o fim, sempre será naquela cachoeira linda. Não tente achar uma passagem secreta ou uma trilha mais curta. Não sou massa de modelar para ser manejada e adequada, eu sou um continente. Pegue o mapa e aprenda a andar, e aceite: eu não vou mudar.
Eu poderia seguir paciente, te explicando detalhes, motivos e condições de porque o céu é azul, porque Robin morre na última HQ de sua história e porque eu não vou mudar, mas nada te bastaria. E você sabe disso. Sabe porque faz meses que estamos parados no mesmo lugar, faz meses que estou tentando te fazer aceitar o óbvio. Você tem o mapa, você sabe o caminho. Mas você insiste em seguir por conta própria. Você se perde, você se irrita, você me ofende e se machuca. Eu passo de imponente e interessante, para dura e complicada. Para uma confusão sem tamanho. Eu já te falei que você tem o mapa, que você sabe o que fazer, mas se recusa. Quem está sendo complicado agora? Eu já avisei que não sou a América para ser descoberta ou conquistada. O coração de alguém não é como um buffet que você coloca só o que você gosta. O coração de alguém é aquele prato caro e rebuscado que tem a receita pronta, e não pode ser moldado. Não pode ser mudado. Você aceita o prato se gostar, caso o contrário, mude de cardápio. Porque eu não vou mudar.
Seguimos empacados no mesmo lugar, enquanto você espera que eu abra minhas passagens secretas e necessidades internas, e ignora o fato de que a trilha se abre para você. Você sabe o que fazer, sabe para onde seguir, mas você se recusa. Se recusa, e nós brigamos. Nós nos esganamos em conversas polidas e superficiais, porque você não assume que não gosta de ler mapas. E eu não assumo que isso está nos matando. Observo nós dois morrermos lentamente no meio de uma mata abafada e sombria, enquanto você se recusa a sair dali. Eu não vou mudar, não posso mudar e também, nem teria como. Você parece obstinado a provar que consegue vencer o imprevistos dessa jornada, mas não assume o óbvio: a confusão por aqui é linda, mas ela não pode ser vencida. Você precisa ler o mapa, só assim teremos uma chance. Caso contrário, morreremos no mesmo lugar em que deveríamos renascer. Leia a porra do mapa!