Já começo o texto repetindo o óbvio, que como já disseram por aqui, é preciso ser dito para não ser esquecido. Eu não preciso querer ninguém. Nem eu, você, o fulano que mora na rua de trás ou qualquer outro cidadão. Ninguém precisa. E embora eu sei que você saiba disso, deixe-me dizer que você me irritou o suficiente para que eu me perguntasse em qual ponto errei com você e porque diabos acabamos nos envolvendo. Eu já estava acostumada com a ladainha de que eu, sendo mulher, precisava arrumar alguém, e que sem um namorado eu não seria tão incrível quanto poderia, mas ouvir isso de você, pegou-me de surpresa e me deixou emputecida – para dizer o mínimo.

Querido, eu não preciso querer ninguém. E posso não querer ter ninguém, simplesmente por não querer. Eu não preciso de um namorado do lado para me autoafirmar ou ser reconhecida. Não preciso amar alguém para confirmar que me amo o suficiente, ou dividir meus dias com alguém só para fingir que isso dá sentido a minha rotina corrida. Eu posso muito bem escolher ficar sozinha porque quero ficar sozinha, e ser muito feliz com isso, obrigada. Nem sempre o ponto de não querer ter alguém indica algum trauma ou amoroso, ou que estou tão machucada a ponto de não querer mais arriscar nenhuma aventura amorosa novamente. Posso escolher dividir meus dias e rotina com meus afazeres e livros, e buscar, simplesmente, o silêncio para me acalentar. Eu não preciso querer ninguém. Não preciso e nem quero. Por isso, não vou. Não adianta insistir me dizendo que eu vou encontrar um mar de coisas lindas se eu me abrir as possibilidades. Não precisa me dizer que eu estou sendo irritada ou fechada por conta de marcas emocionais do passado, e nem perca seu tempo tentando me demover da ideia. Não tenho ninguém por escolha própria, e só saio daqui por decisão minha. E eu sei que você sabe disso, afinal, você não é tão burro que não percebe a diferença entre decisão e medo.

E apesar de saber que as pessoas possuem opiniões divergentes, ouvir tais palavras de você pegou-me mesmo de surpresa e não sei como encerrar essa conversa sem sentir que errei em alguma coisa. Você diz que adora a minha personalidade e como eu sou incrível, mas não perde a deixa de me alfinetar dizendo que eu deveria me acolher em teus braços. Querido, não me leve a mal, mas eu não quero você. Não quero me acolher em teus braços e nem em outros. Eu não preciso querer ninguém e muito menos ter que me explicar sobre isso. Faça um favor a si mesmo e a nós dois e me deixe em paz. Mas lembre-se, querido, você não precisa querer fazer nada disso que estou pedindo, assim como eu não quero também não ter ninguém.