Eu tenho muito carinho ainda. De vez em quando, pego-me pensando em alguma coisa nossa ou como você bebia como se o mundo fosse acabar amanhã. Há vezes em que vejo algo e penso em te ligar porque tal coisa me lembrou você ou só quero saber como anda a vida e tudo mais. Eu tenho muito carinho ainda. E respeito. O respeito demorou a vir, veio na marra. Brotou no meu peito feito uma árvore que desafia o concreto da calçada e vence com luta e dor. O respeito abriu meu peito, revirou a saudade e remexeu nos sentimentos. O amor, que eu tanto tinha e prezava, virou de mágoa dor e de dor saudade. Da saudade, revirou novamente transformando-se em carinho. Carinho e respeito. O carinho trouxe a culpa, o respeito a resiliência.
Foi uma luta longa e desleal. A cada passo dado em direção a libertação dessa história, era um passo adentro no limbo que a saudade de você proporcionava. Te esquecer doía e te amar doía ainda mais. Eu não sabia o que fazer, mas ainda tinha muito carinho. E o respeito exigia seu espaço, sempre sem me dar sossego. Por fim, essa luta deixou de ser sobre nós e tornou-se apenas um outro capítulo da história do amor que conhecemos por aí. O amor tem inúmeras; muitas boas e amorosas, e outras doloridas e cruéis. Nós ponderamos entre todos os temas, experimentamos todos os enredos e por fim acabou. Como um romance que se encerra com seus protagonistas separados, a história mais uma vez se revirou e nos entregou destinos distintos mas maravilhosos. O respeito exigiu seu lugar, fundiu-se as lembranças que restaram e se uniu a saudade.
Hoje, toda vez que penso em você eu penso que sempre soube que você era esse cara incrível e que embora ainda seja um menino, foi quem eu precisava quando a vida nos juntou. Você poderia ter feito mais, é claro, qualquer pessoa merecia mais do que você me deu, mas isso são detalhes seus e fantasmas que não me assombram mais. Para mim, amor, só restou-me o carinho. E o respeito. Porque o amor, quando foi de verdade, se transforma; não em ódio ou em mágoa, mas em pequenas fagulhas que brilham em cada lembrança apagada pela raiva e relembrada pela saudade. O amor não repete o que foi, confirma o que ainda é. O que ainda resta. Respeito e saudade. Carinho. É como voltar para a casa.