Não tem porque bancar a orgulhosa ou a bem resolvida – o que por sinal sou mesmo. Isto aqui é só a constatação de um fato, doa a quem doer: saudade de ex machuca. É feito dedo mindinho que você bate na quina do móvel, sabe? Aquela coisa incômoda, que ninguém liga, mas quando bate… nossa, machuca. Sempre bate mais forte, sempre aperta. Mas não é aquela saudade de amor, é aquela saudade de saudade. Do gosto do que foi bom, do que fez bem.

Você pode até suspirar uma ou duas vezes e se sentir meio triste e inconformada, mas a tristeza pode ser pelo trágico fim ou pela saudade do que foi muito bom, e não exatamente porque você o quer de volta ou ainda sofre. Você pode muito bem ter superado tudo e ainda suspirar de saudade, lamentar o fim. Por que não? E se alguém jogar na sua cara que você ainda sofre de amores só porque não quer falar sobre o assunto, diga para ele que o fato de você não querer falar sobre o assunto nem sempre é raiva ou sentimentos mal resolvidos, talvez seja para poupar constrangimento ou agonia desnecessária. Para quem já sabe que acabou, como acabou e porque, não tem que ficar esmiuçando peça por peça feito quebra-cabeça.

Mas isso é o de menos, o pior é quando encontra na rua. O difícil é quando você bate com ele do nada, perdido no shopping às três horas da tarde procurando por um par de meia branca para comprar. Você abraça, beija, sorri, amassa, se agarra aquele momento e ri, entregue e feliz pelo o encontro. Ri porque faz falta. Porque fez bem. Você se entrega e depois se julga: por que é que eu tive aquela reação? Relaxa, menina, pode respirar aliviada que não é porque ainda ama, é porque sente falta. Porque gostou de encontrá-lo desse jeito surpresa, mas não porque quer de novo. Talvez queira, mas você não é burra. Já sabe as manhas, sabe os jogos, sabe como acontece, e sabe como vai terminar. Os personagens são os mesmos, a história também, pra que mexer com isso então? Foi bom, fez bem, dá saudade, deixou lembranças, e é só isso. Caso você repense decisões e sentimentos, não se culpe também. A saudade de ex sempre aperta, mas não é nenhum crime. Crime é se privar de sentir.