Não dá mais pra fingir, a gente se gosta. E isso ficou claro na última vez que eu te vi, quando fiquei me perguntando se a gente se gostava de verdade ou se era só saudade de tudo que tínhamos passado durante aqueles meses. Durante todas aquelas nossas loucuras. Ou então vai ver a gente se odiava, mas não tinha se dado conta disso ainda. Vai ver era uma carga emocional grande e pesada, mas vai ver era negativa. Quem iria saber?

Não tinha como ter cem por cento de certeza com você. Nunca tive. E você cansou de repetir que nunca conseguiu ter também.

Fazia meses desde a última vez que tínhamos nos visto. Você estava longe a semanas e eu nem sequer sentia o rastro do teu cheiro a muito tempo, e embora eu soubesse que procurar te ver abriria alguma coisa no meu peito, paguei pra ver. E amor, eu assumo, paguei caro. Os dez primeiros minutos foram devastadores. A gente não se encarou, não trocamos nem seis palavras e, antes que eu desse por mim, o assunto deu voltas e a gente nem se tocou. O abraço quando eu te vi foi frio, daquele tipo “E aí, quanto tempo…”. E Deus, a gente não merecia isso depois de tudo. Não merecia toda aquela indiferença. A noite foi longa. O papo não acabava. E quando o silêncio se fez rei e a gente enfim resolveu se encarar, tudo voltou. Voltou a saudade, voltou o sentimento, voltou a vontade. Voltou a mágoa e a raiva também.

Quando você se deitou no meu colo e segurou a minha mão, eu me perguntei quinze vezes porque diabos eu deixei você ir embora. Porque diabos eu fui tão fraca? Lá estava você, todo lindo, e a gente recebendo a chance de aproveitar mais cinco minutos juntos. Aquele era o nosso tempo e ele foi. Você sorriu daquele jeito que só você faz, despertando um sentimento dentro do meu peito do jeito que só você faz. Nos abraçamos de novo, e esse sim foi um abraço de verdade. Esse foi o nosso abraço. Você podia ter saído naquele momento, e se sua carona tivesse chegado e tudo tivesse acabado ali, ainda assim eu estaria feliz e escrevendo esse texto. Mas, às vezes, as coisas boas se prolongam. Às vezes, a gente ganha cinco minutinhos a mais. Não sei dizer como. Na verdade, não sei explicar. A gente sempre foi assim, né? Essa coisa forte, incontrolável. Bem nós dois. A gente se beijou no final das contas. Um beijo desesperado, sedento, cheio de saudade, mágoa, vontade e carregado de sentimento. A porta bateu logo depois, e você foi embora. A saudade ainda ficou, mas mais ainda, ficou a certeza amor de que a gente se gosta. Agora não tem mais como evitar, não dá mais pra fingir. Não importa que caminho a gente escolha, o fim sempre vai ser nós dois. Eu aceitei isso. Espero que você possa aceitar também.