Tô fechada para balanço, precisei gritar da escada naquela semana porque ninguém estava acreditando. Nem mesmo eu, preciso assumir. Eu que sempre adorei companhias, me peguei sem paciência e saco para dividir os dias enquanto resolvia arrumar a bagunça intensa por aqui. Durante vários meses eu tentei me ajeitar como podia, mas a vida cobra uma postura e uma hora ou outra a gente precisa parar para prestar contas. E meu momento chegou, quem diria. Precisei colocar todo mundo para fora, e torcer sinceramente que mais ninguém apareça enquanto eu mudo a decoração e os móveis de lugar. Já é difícil lidar comigo mesma, imagina então com a presença e as expectativas de outra pessoa? Não dá.

A gente vive aprendendo durante a vida a lidar com os outros, mas não aprendemos a lidar com a gente mesmo – o que no final das contas é sempre a raiz de todos os problemas. A gente tenta fugir para fora da gente, pra sempre cair no mesmo lugar. Por isso precisei parar. Por isso precisei mudar. Remexer as coisas, tirar a poeira e jogar fora as ressalvas desnecessárias. Não consigo e nem poderia lidar com outro alguém agora. Por isso, sinceramente, espero que não venha mais ninguém. As pessoas de que me despedi na última semana queimaram no meu coração por dias, e a saudade é violenta e cruel. E não passa. Mas minha paz custa mais caro, sigo firme por ela.

Mesmo que as vezes o ego, as pessoas ou até eu mesma tente me boicotar. Todo mundo enfrenta uma batalha própria, então é preciso ter paciência e respeito por todos. Mas se alguém te julgar ou não respeitar suas escolhas, espaço e caminho, bote-o para fora com a paz de que está fazendo a escolha certa. Só você sabe de si mesmo. Só você pode cuidar de si mesmo. Aceite ajuda se quiser, mas saiba que decisões e o verdadeiro trabalho pesado só você pode fazer. Não se iluda.

Infelizmente, como presenciamos várias vezes na vida, muitas pessoas ficam pelo o caminho e não seguem em frente com você. Para o bem ou para o mal, plantei todas as pessoas que conheci, e sei que as boas brotarão. Se você ficar, beleza. Se resolver partir, eu te respeito também. Vou adorar receber você quando a casa estiver nova e toda no lugar, mas até lá, espero mesmo que não venha mais ninguém. E que também, ninguém insista em voltar. A porta segue fechada, e a estrada interditada. Por aqui, só eu e minha voz imperamos.