Eu precisei desfrutar realmente e profundamente da minha solitude para conseguir sentir a minha plenitude. O caminho inaugural da minha busca pelo a minha personalidade e alma não foi nem de longe tão fácil ou permeado por flores como os inúmeros livros de auto-ajuda inspiram por ai. Meu caminho foi permeado pelo o mais puro desespero, um estresse irritante e a sensação de estar fazendo tudo errado e me afastando mais de mim mesma do que me aproximando. O equilíbrio parecia tão distante para mim, mas ele de fato existe. Eu esperei tanto que ele aparecesse, e bem lentamente ele entrou pela porta da sala e se instalou. Ainda estou aprendendo a desfrutar da companhia dele e a entendê-lo. Notar como ele anda, como funciona ou sente. Sempre ouvi que o equilíbrio não fica por muito tempo; ele te ensina como funciona e depois desaparece do nada. E é bom você ter sido boa aluna e aprendido, caso contrário, eis o caminho do desespero e do estresse outra vez.

E bom, eu demorei a entender isso. Demorei a entender que o equilíbrio não é nada mais do que aquele quadro batido que fica na parede do seu quarto, mas que vira e mexe você se pega encarando e se lembrando de que ele estava ali o tempo todo – você só não percebeu. O equilíbrio não é a mão que te ampara no escuro ou te acalma em dias de tempestades, equilíbrio é o que chuta a sua bunda em direção ao caos porque sabe que aguenta. Sabe que aguenta palavras duras, rompimentos cruéis e jornadas assustadoras. O equilíbrio faz você se sentir completa, mesmo sozinha. Faz você admirar o silêncio e a solidão, faz você entender que você é o capitão da sua alma e líder do seu destino. O equilíbrio não dá certezas, ele questiona todas elas. O equilíbrio te faz desconfiar do que é certo, porque você aprende que o que não evolui e fica estático já está morto, e se você se conhece, sabe que precisa evoluir e crescer. Sabe que precisa encarar. E encara, porque seu equilíbrio está lá.

A imagem de âncora – firme e forte – atracada com força no fundo do mar sempre me veio a mente quando eu pensava em equilíbrio, mas hoje eu dispensei essa imagem também. O equilíbrio é aquela bandeira que tremula com o vento forte. É o catavento que gira quando a brisa vem. O equilíbrio sente intensamente e com verdade, e o equilíbrio é frágil – por isso damos tanto valor a ele. Por isso ele é tão importante. Uma hora ou outra você vai entender como você mesmo funciona. Você vai entender como ler o mapa do teu ser, compreender sua personalidade e entender suas atitudes. Dia desses, você vai se pegar tão forte e decidido com as coisas e vai rir de si mesmo por um dia ter passado por aquele trajeto estressante e escuro que era o desconhecido até você encontrar a luz e revelar a si mesmo. Não tenta pegar um atalho não. Não tenta evitar ou fugir pela passagem secreta. Encare, com coragem e ação. E aguente. E quando chegar lá, encare a vista. Equilíbrio nunca foi o que te mantém firme no chão. Sempre foi o que te elevou. Você só não sabe disso.. ainda. Equilibre-se.