Acontece sempre. No meio de uma conversa corriqueira, eu dou uma risada do nada e toco no seu nome. Não como um anúncio de saudade gritante, como se meu coração chorasse pela sua falta, e sim como uma mania. Tão inconveniente como arrotar depois de beber um copo de refrigerante, ou roer as unhas. No entanto, essa mania não me incomoda mais. Incomoda os outros.

Há muito a sua lembrança de fato não me machuca ou incomoda. Aceitei com maturidade nosso fim, e fim dos momentos bacanas que tivemos juntos. Contudo, não acredito que, por ter superado você e sua partida, eu deva encarar você e seu nome como um feitiço maldito que não deve ser nomeado. Você não me assombra mais, então porque eu deveria deixar que seu nome me assombrasse?

Para alguns, isso ainda é detalhe da saudade. Sinal de amor, e um baita de um cúmulo. “Mas ele não te quer”, “ele preferiu a outra” ou “ele preferiu o carnaval do que estar com você” são algumas das justificativas sem nexo, e que já me cansaram. Não sou idiota, sei bem o que aconteceu e onde as coisas foram parar, e por isso, e só por isso, posso falar com propriedade sobre meus sentimentos. E só eu posso falar. Eu entendo que você, minha irmã, não aguenta mais eu dizer que o fulano lá gostava de Stella. Ou então, minha amiga, que ele sempre comprava pizza pra mim. É verdade. É verdade que ele amava açaí, é verdade que ele sempre vem conversar comigo de vez em quando, e é verdade sim que de vez em quando eu respondo mesmo. Não tem porque negar, e também não tem porquê julgar.

As relações se desgastam a medida que as pessoas encaram que podem se intrometer em questões tão pessoais. Eu sei que sofri, sei que fui machucada, que ele talvez não merecia nem o meu sorriso leve em uma manhã de segunda feira, mas sei também que a única pessoa que pode decidir se sorrio ou não, sou eu. Eu não saio por ai julgando que acho seu namoro bem estranho porque vocês praticamente não saem. Não saio por ai criticando o fato do seu namorado não gostar de conversar com seus pais, ou se o seu ex-namorado fica te perseguindo e tem amigas suas – que pelo menos se dizem amigas – que ficam te chamando para encontrar com ele. Então, por que julgar se eu gosto de dizer que aquele nosso amigo do judô tem o mesmo sotaque que o meu ex? Mas ele tem mesmo, ué! Não julgue meus sentimentos. Você não os conhece.