Você era lindo, a pele branca feito giz, o sorriso largo, os dentes brancos e os cabelos de um castanho escuro. E ainda havia seus olhos; azuis claros, carregando uma coisa que eu nunca consegui decifrar: você me amava! Bateu os olhos em mim e decidiu por si só e seu senso masculino desordenado: “ela vai ser minha”. Você queria, queria muito. Mais que tudo, como várias vezes você fez questão de repetir. E você foi atrás, ou melhor, veio atrás. Se apresentou, se tornou meu amigo, cuidou de mim por todo aquele tempo em que eu estive desamparada, e velou meu sono, tentando impedir que eu ferisse esse meu coração maroto mais uma vez. Você me ouvia, me dava conselhos, me abraçava com carinho e olhava para os meus olhos ao invés dos seus seios. Você correu atrás muito tempo, se humilhou, sofreu, até conseguir o que queria; nós. Nós dois, juntos. Mas não durou muito. Eu com essa minha mania de nunca ficar satisfeita com nada, arrumei um motivo qualquer e terminei, colocando fim em um relacionamento que mesmo não prometendo milhares de coisas, poderia ter dado certo, sem contar na amizade, que se acabou.

Tudo ficou instável a partir daí.

Eu, mais uma vez estava sozinha. Eu, e meu coração moleque. Você tentou. Tentou me manter de pé, tentou segurar as pontas, mas eu não quis. E agora? Como fazer? Quem vai me chamar de linda, e olhar nos meus olhos enquanto eu fico sem graça? Quem vai ligar só para perguntar porque eu não fui a aula? Quem? Não bateu o arrependimento, nem a raiva, e muito menos o nojo que batia pelos outros caras. Bateu a pena, a dó, um sentimento inexplicável. Eu senti saudades suas, dos carinhos, dos conselhos e de como você se preocupava sem esperar nada em troca. É disso que eu sinto falta. E agora, anos depois, eu estou aqui perdida em meio a relacionamentos, tentando achar outro cara igual à você. Mas acho que eu ainda não me dei conta, é que talvez eu não esteja procurando outro como você, talvez eu esteja procurando eu mesma. Aquela forma de ser forte e invencível, que era como você me fazia sentir; única.