Acho engraçado esse povo todo amando, postando fotos e declarações no facebook. Por dois segundos eu me perguntei se minha vida não estava sem sentido e eu não reparei. Havia tanto tempo que eu não tinha um amor para chamar de meu, que nem se quer consigo imaginar quando vai ser quando esse tal amor aparecer outra vez. Estou tão bem só que assumo com tranquilidade que não sei se estou afim de alguém para atrapalhar a calmaria por aqui.

Todos os dias enquanto eu passeio os olhos pelo o feed de qualquer rede social, as inúmeras fotos de casais me passam despercebidas, como se fossem uma propaganda velha daquele produto que você já experimentou mas não sabe se quer de novo. Desacreditei das pessoas com os anos, e das relações amorosas também. Fiquei mais exigente, menos flexível e confesso, até um pouco chata. Não quero um amor de estação. Não quero uma história com data de validade, ou um relacionamento que sobrevive de ultimatos, ciúmes doentio e proibições ridículas. Eu quero a magia. Eu quero é saber que posso contar com alguém de verdade, e que esse alguém me empurra para frente e não me puxa para trás. Eu não quero ser um desses casais de facebook, eu quero ser um desses casais da vida, que você vê abraçado em fila de banco, sorrindo um para o outro sem se importar de ter que esperar.

Confesso que isso parece aquelas ladainhas chatas de gente do contra, que posa de desapegado, mas basta arrumar alguém que já enche o facebook de fotos de casais e declarações. Provavelmente eu vou encher meu facebook de fotos. Vou dividir comigo mesma – já que a conta é minha, afinal – a felicidade de ter encontrado alguém especial. Alguém que no meio de tanta gente sem graça se destacou, e fez as minhas reservas de relacionamentos acabarem. Esse não é e nem nunca foi o problema, o problema é se contentar com isso. É ter alguém só pela a necessidade de ter, e de ser. De dividir com o mundo que não está sozinho. É gritar para os outros, “olha aqui, eu consegui”. Não me faço rainha da verdade, mas convenhamos, os jovens banalizaram o amor. Banalizaram a construção de um relacionamento, e a graça de se ter alguém. Eu fiz isso milhares de vezes, com milhares de caras. E assumir isso para mim mesma foi um processo lento e incômodo, mas me ajudou a perceber em que eu estava errando. E porque.

A intenção não era fazer um texto reflexivo, mas nesse exato momento estou pensando se isso pode ajudar alguém a repensar no que exatamente está procurando: um amor ou um teatro? Ninguém precisa de um outro para ser feliz, se autoafirmar ou se sentir aceito. Aproveite a vida consigo mesmo, construa uma relação de respeito e amor com o quem você vê no espelho, e tudo o que aparecer depois disso vai ser maravilhoso. Encha sua conta no facebook de inúmeras fotos de declarações, mas encha de verdade. Por um amor de verdade.