Sinceramente eu não queria ser tão fraco a ponto de não conseguir falar tudo pessoalmente, e ter que escrever. No entanto, preciso assumir que esse sentimento me confunde cada dia mais e me deixa sem saber como agir em relação a você. Às vezes, eu me pergunto o porque disso tudo e o porque de ser com você e comigo. Não estávamos destinados a ficarmos juntos, quizá darmos certos.. mas aconteceu, não foi? Uma sexta-feira à noite, uma garrafa de vinho, você rindo de piadas sem graça e eu me apaixonando pelo o teu sorriso. Acredite, eu gostaria mesmo ser capaz de proferir tais palavras pessoalmente, mas encontrar teu sorriso de novo me desarmaria.

E eu preciso manter-me firme. Preciso que você entenda.

Nós tentamos de tudo. Nos agarramos, nos esgueiramos e aguentamos. Lembro-me de silêncios dolorosos. Lembro-me de brigas tortuosas e de caminhos complicados. Apesar de toda dificuldade aparente, queríamos tentar. Teríamos vencido. Quem sabe, até não vencemos; o prêmio que não foi o esperado. Nosso dia-a-dia deu lugar a mudanças e amadurecimentos necessários que nos afastaram. As piadas ficaram mesmo sem graça, seu sorriso deixou de aparecer. Peço-te perdão pelos os erros. Peço-te perdão por insistir. Você nunca foi de falar muito sobre toda a tempestade; afinal, você sempre amou a chuva. Já eu, precisava me esconder dos trovões. Nos perdemos.

Você consegui manter-se firme. Eu precisei entender.

Pensei em sumir. Pensei em mudar-me, te dar um tempo. Fingir que o que passou tinha acabado e não voltava mais. Mas eu não precisei fingir no final das contas, tinha acabado mesmo. Nosso tempo tinha passado, assim como um ônibus que se atrasa ou adianta e não conseguimos pega-lo a tempo. Ainda assim, palavras fazem-se necessárias para encerrar esse momento. Me perdoe pelo o meu ciúme. Me perdoe por nunca te ouvir. Me perdoe por insistir quando você dizia não. Me perdoe por tentar entender o que não tinha explicação. Me perdoe por tentar racionalizar quando apenas deveria sentir. Me perdoe por não ter dito quando deveria ter falado algo.

Tú, que sempre assumiu-se amante das minhas palavras e do meu jeito, hoje parece uma fã distante que perdeu o interesse no mesmo repertório de sempre. Me forçou a mudar, me forçou a refletir. O tempo passa todo santo dia e tu segue fazendo comigo o que sempre fez: me forçando a evoluir, me forçando a andar para frente. Teu amor nunca foi uma sina, é mais como um karma; arrebatador, cruel e intenso. Não existe opção de fuga ou retorno. Quando abri a garrafa de vinho naquela noite, jamais imaginei que estaria abrindo meu coração e minha sanidade. Você ria em uma leveza ímpar, dizendo que não se lembrava de outra vez que estava sentindo-se tão leve daquele modo. Naquela noite eu não disse, mas assumo agora; também não lembro-me de me sentir daquele modo em outra ocasião. Ainda me sinto tentando a insistir, confesso, mas preciso manter-me forte. Sei que você entende.