Sempre achei que depois de terminar um relacionamento eu não seria amiga do meu ex. Poderia até ser uma ideia batida, mas não conseguia me imaginar plena e tranquila ao lado de um cara que eu tanto amei, enquanto ele anda de mãos dadas com a loira do lado dele. Sinceramente, essa ideia me era indigesta e absurda. Mas como muitas coisas da vida, eu paguei língua, e cá estou eu, anos e relacionamentos depois, amiga de todos eles.

Todos, eu repito. Tomo café na padaria, participo de aniversários em casa, fiz participação na apresentação de tcc de um deles, e na formatura, eu li a homenagem principal. Saio para beber aos finais de semana, cometo loucuras impensáveis e marco viagens que serão cumpridas. Eu escuto sobre os problemas, dou conselhos amorosos, ajudo a dividir a boleta do cartão, e socorro eles quando estão bêbados demais para dirigirem de volta para a casa.

Tiramos fotos vergonhosas. Ajudo a escolher as mulheres, eu mesma apresento minhas amigas. Dançamos juntos em festas, nos apresentamos ainda como um casal em remissão. Todos pagam de ciumentos quando apresento um novo namorado, e vira e mexe a gente se pega de mão dadas ou abraçados esperando na fila do McDonalds. Eles ainda deitam a cabeça no meu ombro e eu insisto em chorar pitangas quando faço uma escolha errada. Apesar de termos terminado e seguido em frente, ainda mantemos o sentimento de apego e respeito. Sempre.

A ideia de ser amiga do ex ainda é infundada para muitas pessoas e algumas vezes, realmente será impossível. Mas desapegue-se da necessidade de odiar ou difamar alguém. Não guarde rancor, não guarde nomes. Se possível, não guarde nada. Mas se puder e quiser guardar, guarda o amor e o respeito. Guarde a presença. Mas somente quando ela for bem vinda e querida. Guarde só se você for amiga, e amiga apenas.