A tristeza rende bons textos porque ninguém quer falar da felicidade do outro. Ninguém gosta de ler ou saber que o outro está na melhor. É aquela velha história de que a grama do vizinho é sempre mais verde, mas você prefere não elogiar. Muito pelo o contrário, você prefere gastar seu latim se queixando de que nada do que você faz dá certo e que a sua grama não cresce ou não brilha como a do outro por algum motivo astrológico inventado.

Esta aí um mal que todo mundo sofre, mas quase ninguém se trata.

Como é tão bom falar da nossa tristeza, não é? Como é bom esmiuçar a fatalidade, repetir as palavras e explicar várias e vária vezes o que aconteceu. Como é bom, mesmo que por poucos segundos, receber a atenção apropriada e assumir o papel de vítima indócil e revoltada. São poucas as pessoas que conheci que dão mais foco à felicidade e conquistas, que à tristeza e ao drama existencial que todos possuímos. São sempre dois pontos de vista, mas na maioria das vezes as pessoas preferem ficar do lado oposto ao da felicidade e olhar sempre pela ótica ruim. São decisões, não é? Caminhos, escolhas, atitudes. Cada um faz sua realidade, embora a tristeza chame mais atenção. Embora as pessoas gostem de abusar da licença poética, e ir para o bar beber e bater no balcão porque tomaram um pé na bunda. Embora postar indiretas no Facebook seja mais dramático que tentar se lembrar dos bons momentos. São tantos emboras, que embora seja bom explicar é melhor nem tentar.

A tristeza é ruim e apesar de muitas vezes ser bonita e render likes, é um vício. Não que eu não goste de desopilar os rins de vez em quando e bater o pé, detalhando o modo como fui feita de trouxa e o quanto estou sofrendo, tenho tentado me apegar as lembranças boas que permeei ao longo dos meus relacionamentos. Nada acaba por nada, e se acaba, algo melhor sempre se apresenta. E apesar da tristeza render bons textos, exatamente como esse, ela é como cachaça: é boa por um momento, mas faz mal. Consome por dentro e devasta. Cuidado com o vício.