A saudade de você me dá olá toda vez que eu tenho um tempo vago e a mente fica livre para viajar. Às vezes, estou até pensando em outra coisa, mas termino pensando em você o tempo todo, no final das contas. Você está sempre lá. Ou melhor, aqui. É como um móvel velho que fica no canto do quarto e sempre aparece nas fotos.

Como aquela tia inconveniente das festas de família, ou o amigo que sempre enche a cara e acaba cortando o clima. Você é uma lembrança incômoda, uma pessoa que me assombra. Aquela cômoda velha horrorosa. Aquela na qual vira e mexe eu bato o joelho, o pé ou então me deparo escorada, pensando na vida como se ali fosse o meu lugar no mundo. Pensando nas escolhas que fiz, pensando nas coisas que foram ditas e expostas. Dia desses mesmo, vi uma frase em uma revista sobre viagens e, mais uma vez, me peguei pensando em você: “Com todas as palavras que podíamos nos amar, nos amamos. Com todas as palavras que podíamos nos ferir, nos cortamos”.

É triste ter que assumir que de todas as coisas boas que vivemos e fizemos, a única que restou foi a indiferença e a sensação de torpor. Ainda somos nós mesmos, só não somos mais nós. Uma pena.