Não tem como não sorrir quando me lembro dele. Gui era aquele raio de sol que insistia em aparecer até mesmo em dias nublados. Sabe aquele calor gostoso que te esquenta mesmo quando o frio sai? Era isso que ele fazia comigo e com meu coração. Guilherme era a personificação de coisa boa. Pode até parecer papo batido de texto de relacionamento, mas não duvide de quão bem ele podia fazer você se sentir. Gui era de verdade, assim como os inúmeros sentimentos que ele despertou na terra imaculada do meu coração. Sentimentos esses tão fortes e tão intensos acabavam comigo na mesma medida que me empurravam para frente.
Era um misto de tudo; de saudade à raiva, de um amor abafado na noite à mágoa. Eu fui do céu ao inferno durante os nossos dias, e demorei a acalmar e resolver as coisas por aqui depois que nosso tempo passou. Fui até para a terapia por conta dele, e até hoje eu não sei explicar o que diabo aconteceu comigo quando eu vi o sorriso dele pela primeira vez. E nosso encontro foi tão simples, tão nosso e de um jeito tão natural que toda vez que me lembro do dia em que cheguei em casa depois de vê-lo, eu tive a sensação de que mudanças estavam a caminho. Bom, as mudanças vieram. Tão grandes, tão fortes e tão loucas. E o bom era que ele nem ligava. Gostava de mim assim, de um jeito muito dele e com um sorriso no rosto. Gostava até de mim bêbada falando baixinho sobre as coisas que queria da vida.
Nosso tempo foi muito regado a música boa, catuaba, tequila, hambúrgueres e beijos loucos. Houveram inúmeros planos que não realizamos, assim como inúmeras coisas que não falamos e verdades que calamos. Até o que precisava ser discutido não foi. Em contrapartida, tudo o que foi dividido e dito segue guardado com muito apresso. A gente continua indo e vindo, se perdendo às vezes, e outras vezes se encontrando. Não dá para ter certeza com o Gui, assim como não dá pra confiar em mim com ele. Meu coração segue sentindo aquele calor gostoso do raio de sol em dia de chuva, e ele insiste em dizer que eu sou “vinte e dois”. E que o que eu quiser a gente faz. E que eu sou masterchef e louca. Ele também é louco. Os planos continuam firmes e fortes, e as conversas sempre saudosas. O tempo passa, assim como raiva e a mágoa também. Passa até a chuva e aquela nuvem chata que estava tampando o sol. Agora ele brilha livre e solto, como a alma que tem. O Gui acaba comigo e nem sabe, só sabe da saudade que eu nunca fiz questão de negar. Eu sinto mesmo, e sinto muito.