Deixou de existir, simples assim. Não sei quando ou como, só deixou.
Eu ainda empacotava as caixas, limpando as gavetas, entregando nossas lembranças à poeira quando percebi que não havia mais nada ali para ser guardado ou descartado. Nem saudade, nem aperto, nem sua chegada. Você partiu primeiro, tão certo de que a estadia não valia o esforço e o sentimento, e eu fiquei sozinha para arrumar a bagunça em que fui me meter.
Você já teve a sensação de que alguém lhe entregara uma caixa de confetes logo depois do carnaval? Essa sensação me embalou por meses, mas agora eu nem faço ideia do que diabo aconteceu com a tal caixa de confetes. Talvez eu tenha jogado fora, usado em algum protesto político ou só ter esquecido disso em algum lugar. Seja qual for o tal fim para a caixa, nem me lembro.
E você, amor... para você, nada lhe foi suficiente para ficar, nada te convenceu de que era o certo... nem mesmo eu e minha personalidade incrível que você sempre elogiou por aí. No fim, você foi menos do que eu queria e eu mais do que você merecia por tudo. No fim, eu acabei sozinha. Empacotando caixas, deixando lembranças... esquecendo saudades. Apagando você. De mim. Da memória. Da minha casa.