Eu tô carente, essa é a real. O ápice da vulnerabilidade masculina, bem careta. Eu realmente tô cogitando te encher de beijinhos e chameguinho. Vai ser no diminutivo mesmo, pra mostrar que eu tô disposto a gritar isso pra todo mundo ouvir; mas pra que gritar pra todo mundo se meu mundo é você? – me pergunto.

Vulnerabilidade, bingo, essa é o termo. Talvez minha definição seja essa: um homem vulnerável a o inexplicável. Pareceu muito viajado? Então embarca aqui comigo. É assim mesmo, mania nossa ter medo de jogar a real, mas ao fazer uma reflexão interna a gente vê o gigante das nossas profundezas sem a neblina protetora que o nosso coração cria, que pouco sabemos sobre as nossas covardias mais obscuras.

Tô andando mais carente que o normal. E tá rolando uma valorização própria massa de ver, não é autoestima exagerada não, é um dom que a gente precisa treinar muito pra aperfeiçoar. A gente demora pra reconhecer o super poder que temos, tudo bem, a gente não joga teia por aí ou tem o peito de aço, tampouco tem o poder de cura, mas tem o poder de autopro-cura. Aos poucos a gente se afunda na inter valorização e aí acaba vendo que é mais apaixonado por sí. Tô numa fase bem de poucos colegas, mas amores e amigos profundos.

E eu acho no fundo que tudo isso se chama paixão. Paixão, saca? Apaixonado, apaixonadinho, caídinho, despencado, submerso num amor avassalador por tudo e todos. Ora, se apaixonar é levantar a bandeira e assumir carência, jogar rótulos ou preconceitos fora, mandar a real e ficar a mercê de uma devolutiva não tão agradável, entender que as vezes perdemos, um amor, uma pessoa, uma oportunidade, é viver de peito aberto, é ser você num mundo que cobra tanto que sejamos outras pessoas.

Pô bicho, eu adoro amor e afeto mas também sou chegado numa putaria. – infelizmente não tem palavra melhor pra me definir. Mas, seguindo a virilidade masculina a risca, e vivendo numa sociedade que sempre cobra essa tal prontidão sexual, é suave admitir que gosto de sexo. É bonitão, descolado, bambambam e demonstra pegada e virilidade, e até coloca as letras do meu nome em maiúsculo no imaginário alheio.

Mas tenho que falar que eu sou um princeso.

Isso mesmo, eu A-D-O-R-O beijinho, cafuné na cabeça, beijos no pescoço no fim de semana e por que não nos dias de semana também? É moleza falar que eu gosto de carinho, mas na real eu gosto é de muito carinho, eu sou manhoso, é colo pra cá, conchinha pra lá, falar besteiras que adoro receber de volta. Deve ser chato não poder dar essa gritada ao mundo, né não? Pra que viver só um lado da moeda? Por que não viver os dois lados? Por que não se jogar e ser feliz na pluralidade que a vida oferece? O mundo fica tão mais gostosinho quando a gente aprende que não precisa escolher lados, muito menos viver de certezas absolutas.

Se pá. Sim, se pá, eu tenho meus defeitos. O maior deles é me entregar com uma facilidade surreal.

E faz o seguinte, me deixa amar. Me deixa amar,vai... Deixa eu sorrir com quem faz meus olhos ficarem puxados e sumirem nesse rostinho gordo. Deixa eu admitir essa carência que eu tenho e o receio que tenho do mundo para desconhecidos na rua, às vezes eles sabem mais sobre nós do que nós mesmos. Mas não deixa o final chegar e ouvir que não vivi, que não fui feliz pois deixei ir embora, que não pedi carinho, disse que amei ou fiz sexo no capô do carro, pois perdi a reta com medo da curva.

Eu quero uma conchinha quando o frio clamar por ela, uma cama de mola e uns quatro travesseiros, mas também quero sexo com gostinho de loucura, de quatro, com puxão de cabelo. Que se foda os vizinhos, deixa eles nos assistirem. Vamos chegar uns minutinhos atrasados no trabalho hoje? Até porque, dane-se, se quisermos ficar o dia inteiro na cama fodendo. É… falar de beijinho é com a gente mesmo, mas também gosto de falar fodendo. Acho que revelamos o segredo da vida, esse tal meio termo, o equilíbrio; dias de beijinhos na testa, dias de tapa na cara. Eu fico com os dois.