Toda vez que você ressurge é igual. Borboletas no estômago, músicas do Jason Mraz. Eu recomeço a dieta e volto a pagar a academia. Basta você reaparecer pra colorir o dia a dia.

Eu sempre me prometo que não vou me deixar afetar, que não vou nem te responder, muito menos aceitar o convite pro chope gelado depois do trabalho. Mas o que adianta eu te ignorar? Sua aparição me apunhala do exato mesmo jeito, mesmo se eu não alimentar.

Quando as pessoas falam sobre desistir, geralmente são os clássicos desistir de insistir, desistir de esperar, desistir de acreditar.

Eu penso em todas essas desistências e rio, enquanto tomo mais um gole do resto dessa bebida barata que tava aqui na geladeira. Porque a minha desistência é de desistir, entende?

Eu simplesmente relaxei, me entreguei àquilo contra o que não posso lutar: à vida ter simplesmente tatuado, dessa forma ingrata e quase literal, você em mim. Eu respiro, levanto a cabeça. Eu sigo.

Eu dispenso todas as mensagens de superação. Eu dispenso os porres, as mensagens da madrugada, as músicas tristes e até os anúncios de pais de santo.

Dispenso, principalmente, as doses de felicidade. Toda essa morfina de quando você ressurge vem acompanhada do dia seguinte: sua ausência me dilacerando por completo.

Aqueles seus óbvios silêncios do depois, que me afundam de forma covarde nessa areia movediça.

Então não me cobre resposta, não. Amor, não me cobre dar esse colo quando você vem domesticado e manso. Não é porque eu não quero, é porque eu já não posso. Sabe o que eu realmente quero de você?

Já não é mais seu sorriso, seu cheiro no meu travesseiro, seu ascendente em me deixar louca.

A única coisa que realmente quero de você é que você vá embora. E, por favor, não demora.