Você tem me convidado a semanas para dividirmos algum tempo juntos, e quem sabe, tomar um café. Te confesso que a ideia me é tentadora, mas já aprendemos que não conseguiríamos dividir momentos sem acabar desopilando os rins em acusações passionais ou então, aos beijos sôfregos que também nos levaria as acusações passionais. Você diz que estou sendo extremista e precavida demais, mas esse nosso roteiro se repete há meses e eu aprendi que quando se escuta barulho de cascos, nós pensamos em cavalos e não em zebras. São sempre cavalos, querido. Nós sempre sabemos como vamos terminar.
Não adianta tentar rebater meus argumentos ou arrumar desculpas. Claramente conseguiríamos uma lista de motivos para nos encontrarmos, mas não preciso de mais de duas considerações para confirmar que é uma péssima ideia. Já queimei a mão muitas vezes para aprender que não se coloca a mão em fogo, e você querido, é uma fogueira inteira. Aceite minha sinceridade e meu pedido singelo; entenda de uma vez por todas, nós não podemos dividir um café. Nem a vida. Nem a semana. Me tome por uma insensível se preferir, eu apenas me considero alguém esperta demais para cair na síndrome da “repetição de velhos erros”. Sinceramente, gosto de novos erros, e apesar de eu gostar mesmo de tomar café e ver você, é melhor assumirmos que merecemos mais; eu, você, tudo que envolve nossa história juntos.
Ficamos resolvidos assim então.. a gente aceita que não podemos lidar contra nossa relação e nem a favor dela. Somos diferentes além do saudável, e parecidos mais do que deveríamos, logo, a confusão é inevitável. Não podemos mesmo dividir um café, por mais boa ideia que isso se pareça. Gosto da sensação de que estou seguindo no caminho certo, e tomando boas decisões. Quem planta cereja, colhe cerejas; então temos que plantar exatamente o que gostaríamos de colher, a paz. Aprenda a lidar com isso também e a aceitar, querido. E antes que você sugira uma cerveja durante a semana, ou um vinho na sexta à noite, preciso esclarecer que não podemos dividir mais nada. Nem um momento ou uma vida; a carga emocional e psíquica seria demais. Nós nos renderíamos ou nos consumiríamos, e nem um dos dois destino é bom para nós.