Eu não acredito nisso. Me deu vontade de gritar das escadas mesmo, como assim você ficou aí esperando? É sério isso? Que isso, querida, você tá fazendo papel de trouxa. Sai dessa. Ele já bateu cartão aqui na praça essa semana, e pelos meus cálculos, só volta daqui uns dias. E volta com aquele papo de que estava ocupado demais fazendo qualquer coisa que não seja falar com você. Não cai nesse papo, fofa. Não fica esperando por fora velado porque esse aí já está gritado, só você que não ouviu.
Você não é tão boba quanto parece e nem tão tonta que não perceba. Você sabe que ele tem outras prioridades, você sabe que ele tem passeado por outros carnavais. Não repete esse discurso de que ele é livre para fazer o que quiser, porque todo mundo é. Eu, você, ele, seus pais. Ele não é obrigado a estar agarrado em você vinte e quatro horas por dia, mas ele é obrigado a te respeitar se pretende ficar migrando de uma barra de saia para outra e espere que você esteja sempre tão solícita. Para de ficar dando biscoito pra macho, achando que só porque ele te trata bem ele tá fazendo algo extraordinário. Ele tá fazendo o mínimo. E o mínimo tão tá bastando, se toca.
Levanta dessa mesa, solta esse cabelo e bate esses pezinhos para longe dessa história. Sai desse lugar de princesa encantada e encara o óbvio: apesar dele ser um sapo que se comporta como princípe, você só tá trocando seis por meia duzia. Tá tudo a mesma coisa, e não tá bom não, viu? Não deixa ele passear por semanas e voltar como se nada tivesse acontecido e ocupar o mesmo lugar vago do teu lado. Sua presença é importante e significativa. Você é incrível. Não deixa ele oferecer pouco por isso não. Se mexe.
Porque enquanto você está esperando, ele está sempre chegando. Mas nunca chegando de vez.