Tanto para quem observasse de longe quanto para quem enxergasse por perto, era visível que namorávamos... visível era, mas era a verdade?

Não lembro ao certo há quanto tempo estávamos metidos naquilo, mas me parecia ser uma união consagrada, eu estava ciente que ela era minha namorada mesmo sabendo que nunca existiu um pedido de namoro formal, sim, começamos e já estávamos ali, andando juntos, trocando olhares apaixonados, beijos e fazendo planos bobos sobre o futuro, hoje dou risadas, não por achar tolice, mas, porque eu gosto de rir do meu passado.

O tempo sempre passa, nem o amor pode pará-lo, e como tudo, as pessoas começam a perceber que a perfeição que sempre viram, é o resulto da cegueira que o amor provoca, é claro que, o amor é lindo, e isso já é maravilhoso o suficiente, achar a outra pessoa linda, mesmo com seus defeitos.

Após um tempo que não consigo calcular, eu sentia que as coisas não corriam bem, ela ficava mais chateada do que antes, e eu? Bem, pouco me importava, para mim, cada um carrega o fardo das suas emoções. Que ironia, não?

Um certo dia, tive uma estranha sensação, tudo tinha mudado, estávamos sentados e a conversa ficava cada vez mais rude para o meu gosto, e, depois de muito ouvi-la, não consegui conter minha petulância e questionei: — “você só está a agir desse jeito porque nunca fiz um pedido de namoro, pois não?”

— “Oh, sério que ainda não?” – respondeu Clementina com um sorriso maquiavélico… sabe, aquela atitude brava que você não vê, mas consegue sentir na aura espalhada por uma mulher furiosa? Pois, era assim que eu via as coisas naquele dia. Tudo fusco e confuso.

— “Bem, eu entendo!” – falei isso tentando confortá-la, mas ao que aparecia a raiva aumentara gradualmente.

— “Clementina, amor da minha vida, você aceita ser minha namorada?” – fiz o pedido sem mais demoras…

— “Já está na minha hora de ir para casa!” – disse Clementina pegando sua bolsa e pondo-se de pé.

Confesso que eu conseguia sentir sua respiração, ela transmitia bravura e o desejo de vingança conservada por uma raiva muito antiga. O clima estava tenebroso.

— “E a resposta?” – perguntei cabisbaixo.

— “Você fez o pedido, agora deves esperar pela resposta, não?” – disse ela, como se tivesse se vingado e humilhado bastante o seu oponente.

Caminhamos juntos à paragem, sem proferir sequer uma palavra, entrou no táxi e partiu. Felizmente ou não, aquele foi o pedido de namoro que deu fim a um namoro que nunca sequer começou.

Será que é assim que se mata um relacionamento?