Uma mensagem para o cara de setembro
Setembro passou tão rápido e feito um vendaval, que eu ainda estou tentando me organizar e tirar os escombros que ficaram sob as coisas que eu tinha decidido antigamente. A névoa causada pela bagunça eminente me deixa confusa e cansada, e eu quase desisto de ajeitar tudo e me rendo ao sofá, mas sei que a bagunça não se resolve sozinha e que se eu postergar, ainda assim teria que me ajeitar uma hora – mesmo que essa hora demore a chegar e se choque com outras programações e compromissos. Olhar para as más escolhas e para bagunça é ruim, mas mais ruim ainda é observar sua ausência. No meio do vendaval eu te coloquei para fora, e eu não sei se posso te acolher novamente. A situação está crítica e eu tô fechada para negócio, espero que você tenha onde ficar durante essa temporada de revisão e amadurecimento.
Não me tome por insensível ou superficial, a explicação é mais pelo o fato de eu ser tão intensa e não conseguir fingir boas máscaras do que realmente eu ser mesmo uma pessoa ruim. Eu sou ruim, admito – com videogames, trocar lâmpadas e não rir em momentos inoportunos, mas não com meus sentimentos. Assumir que se sente demais e se quer de mais é tão revelador quanto assumir que se importa de menos. Quem não liga segue em frente, e eu ainda estou parada no meio da sala olhando em volta do que restou do que costumava habitar por aqui. Sua presença era acalentadora e especial, e ainda continua, só não posso deixar que entre agora. Talvez você se assustasse e fosse embora, aos gritos. Talvez eu mesma corresse.. mas eu estou me aguentando. Aguente também.
Eu ainda não sei o que coloquei para fora, o que eu vou tentar consertar e o que realmente terei que mudar. De qualquer forma, saiba que as lembranças expostas nas fotos e cartas continuarão por aqui como um anúncio do que cultivamos e do que foi decidido antes desse vendaval, só se lembre de que agora eu estou vivendo um dia após o outro e que só posso oferecer o momento presente. Espero que baste para você, já que para mim já basta o silêncio que entrega que outro furacão não vem – por hora. A calma me oferece paz e possibilidade; de pensar, amadurecer e me ajeitar. A casa ainda está bagunçada, mas eu já comecei a me arrumar. E a mudar. Me despeço de você com a certeza de que foi bom, mas não vai voltar a ser.