Tô bêbada, mas nem ligo
E sóbria, to ligando muito menos.
Era sexta-feira a noite, e eu saí com a galera para espairecer a cabeça e te encontrei na mesma boate. Ironia do destino ou Deus tentando testar minha fé na bondade humana? Você como sempre passou perto, fez o surpreso, abraçou todo mundo e pagou de bom ex-namorado simpático. Não demorou muito as luzes se apagaram e o circo foi armado. Cada um em seu canto, enquanto a batida embalava qualquer resquício de sanidade que restava em mim.
Eu queria dançar muito. E querido, eu dancei.
Era de se esperar que você me devorasse com os olhos, e depois, quando eu me aproximei do balcão que você me abordasse. A briga aconteceu ali. Foi uma baixaria sem gritaria, mas totalmente desnecessária. Você sumiu. Eu voltei pra pista. Meu celular tocou uma. Duas. Sete. Vinte vezes. Me lembro de quando bebi a última dose de tequila, inteirando a sétima e meu estômago gritou, e em minha mente passou o teu sorriso ridículo que um dia eu confundi com sorriso do amor da minha vida.
Querido, tô bêbada, mas não ligo.
E não adianta ligar, dizendo que se arrependeu e vai mudar como promessa de prefeito corrupto, porque essa mentira eu não compro e sua campanha eu não pago mais. Acabou. Passou. Fim da linha. Bendita foi a hora que eu coloquei meus olhos sobre a verdade e abri a porta do meu coração para você sair sem olhar pra trás. Ontem foi sexta-feira amor e a madrugada de sábado me lembra que eu prefiro outras mil coisas do que ter que ouvir sua voz arrastada e risada debochada. Do que provar teu beijo ou sentir seu abraço frio. Tô fechada pra balanço, muito bem resolvida e com um sorriso no rosto que eu não lembrava de estar faz tempo. A saudade de você pediu dispensa e saiu pra deixar a vontade de experimentar novas coisas entrar. Tô tão feliz. Tô tão bêbada, mas amor, eu não ligo.
Porque eu sou assim, e quem quiser comprar meu barulho, que me encare. Por você, não me estresso mais. Nem se quer respondo uma mísera SMS. Porque se tem uma coisa que você me ensinou foi que quem não quis quando podia, não vai ter quando quiser.
E eu podia até ligar. Mas tô bêbada amor, então nem ligo.