Eu quero um amor, só não quero agora
Se o título não faz sentido para você, te aconselho a fechar a página e procurar outra coisa para fazer. Agora, se faz muito sentido, seja bem-vindo. Não há um jeito diferente de dizer o óbvio: eu quero um amor, mas não quero agora. E eu vou te explicar o porquê.
Ter um amor demanda tempo. Demanda energia, espaço no coração, na casa, na agenda e demanda amor também. Demanda entrega. Demanda cuidado, demanda boa condição financeira e demanda problemas pessoais muito bem resolvidos. Se ainda assim você não consegue entender o que estou dizendo, provavelmente não teve o número de desilusões amorosas suficiente para me entender e discutir comigo sobre esse assunto. Acredite, eu quero um amor, mas não agora.
Lembre-se de quando você tinha quinze anos. Era fácil, não era? Conhecer alguém, se apaixonar. Era simples, bastava o beijo casar e a química acontecer, e lá estava você entregue nos braços do amor. Mas aí acontece a primeira desilusão. A segunda. A terceira. A quarta. Provavelmente você vai ter mais desilusões com os casinhos do que de fato com os namorados, e isso não é nem um pouco ruim. Com sinceridade, te digo que acho bom. Quanto mais desilusões, mais exigente você fica. E aqui aparece o que eu estou tentando te explicar: quando você fica mais exigente, o arroz com feijão não te satisfaz. Não te serve. Você pode até ficar um pouco mais sério, fechado ou desacreditado na vida, mas fica mais esperto também. Mais seleto, mais intenso e, acreditem, amoroso. Não será qualquer amor que vai te servir a mesa, e nem de qualquer jeito também. Por isso demanda tempo. Por isso demanda cuidado.
Eu quero um amor, mas não agora. Agora eu tô ocupada com qualquer coisa que não seja a barba perfeita daquele cara que mora no 44B. Agora eu tô ocupada com outra coisa que não o gatinho do ônibus que eu pego de volta da aula de judô. Minha cabeça está focada na faculdade, eu estou casada com meus estudos – e de caso apenas com meu futuro. E pode me chamar de chata, de louca ou até mesmo de sem coração. Até de satã já me chamaram, e te confesso, nem ligo. Minhas amigas acham que eu surtei. Minha irmã não entende porque eu não deixo os casinhos passarem de casinhos. O cara do 44B quer mais do que esquentar os lençóis na quinta a noite, e não entende por que eu tô sempre mais animada a sair sozinha do que de mão dada com ele. Eu quero um amor, mas não quero agora. Enquanto não mudo de ideia e sigo meu plano, assumo meu compromisso comigo mesma e com meus objetivos. Não falta amor por aqui e, muito menos, falta amar. Só não quero dividir nada com ninguém ou abrir espaço na gaveta. Meu tempo e meu amor são apenas meus agora, ou melhor, por enquanto.