Sempre você...
Cê tava lá quietinha e com um rostinho místico… Eu pirava a cada esboço de canto de boca se abrindo pra um sorriso, e talvez eu esteja meio louco, mas vi até umas covinhas. Você fez girar a roda gigante e, nos últimos momentos, brincou, com toda a leveza do mundo, com os meus melhores sentimentos. O pior que você não fez força nem questão. Fez o coração de um escritor, que sempre foi dotado de pouca ansiedade, dançar alucinadamente em ritmo de carnaval. Tomara que isso não mude na próxima quarta-feira; seu sorriso é colorido demais para terminarmos em tom de cinza.
Talvez eu tenha reparado demais nos olhos, na pele clara, no sorriso largo que engana quem com o coração é ferido. Esse sorriso, eu gosto de insistir, foi desenhado por qualquer Deus que você prefira acreditar, passa feito um tornado, mas por dentro é brisa e um bocado de passado, passado daqueles que não passam nunca. Eu reparava seu olhar distante e seus movimentos automáticos. Você não faz absolutamente nada de nada, fica quietinha no mesmo canto, na sua. A incógnita sou eu.
Você caminha, eu acho belo. Se você tropeça, eu vejo dança. Você começa a ser gentil e eu já acho que me quer. Você não se aproxima e eu sinto que nunca me deu bola. Você não tem a menor ideia do quanto eu gosto de você, não tem a menor ideia do quanto me cativa, e eu querendo que você responda algo que eu nunca perguntei. Acho mais seguro assim, criar o romance inteiro em mim. É perigoso demais ouvir um não seu, e ainda mais perigoso ouvir um sim.
Realmente me passou pela cabeça que talvez você pudesse gostar de eu estar escrevendo um texto, mas, provavelmente, pela velocidade frenética dos acontecimentos, você acharia que sou algum maníaco, daqueles que espiona as vizinhas trocando de roupa na varanda de casa, com binóculos. Qual ser que se apaixonaria tão rápido? Quem escreveria um texto só para aliviar a ansiedade do coração nesse mundo de hoje? Mas tudo bem, melhor parecer um louco do que perder a oportunidade de demonstrar o que sinto por quem fez meu coração, assim como os olhos, pulsar por alguns minutos. A vida está precisando de um pouco mais de loucura e um pouco menos de indecisão.